A música em Memorial do Convento

                                                                                       Domenico Scarlatti (1685-1757)
Compositor italiano, notabilizado por ter composto 555 sonatas para cravo. Nasceu em 1685, em Nápoles, Itália, no mesmo ano em que nasceram os igualmente famosos J.S. Bach e G.F. Händel. Em 1720, viajou para Portugal, onde contactou com Carlos Seixas, após ter sido nomeado maestro da capela da Corte de Lisboa. Um ano depois, foi para Madrid acompanhando a Infanta Dona Maria Bárbara, onde passou o resto da sua vida como maestro de capela da corte. Nos arquivos da Sé existem restos do trabalho que Scarlatti fez em Portugal, como um Te Deum. 
Foi em Espanha que recebeu influências musicais que marcaram o seu trabalho musical. Compôs um conjunto de 30 sonatas para cravo dedicados a D. João V, publicados em 1738, com o título de 30 Essercizii per Gravicembalo. Pouco antes de morrer, Scarlatti compôs um Salve Regina que, posteriormente, foi considerada a sua composição mais sublime. Faleceu em 1757 em Madrid, Espanha. 


Um instrumento de teclado desenvolvido durante o século XIV e XV, o Cravo foi amplamente utilizado até o início do século XIX, quando foi substituído pelo piano.


O som deste instrumento de teclas é produzido através de um plectro (uma espécie de pinça) que belisca as cordas. Dependendo do modelo histórico, os cravos podem possuir um ou dois teclados.            
CRAVO ANTUNES - Joaquim José Antunes foi um dos mais importantes construtores portugueses de cravos do século XVIII e provavelmente o membro mais notável da família Antunes (construtora de instrumentos de tecla activa em Lisboa durante três gerações).



Capítulo XIV- A música na construção da passarola 
  • A música é vista como uma grande responsabilidade, é um elemento fundamental na educação de uma criança.  - Revela a preocupação cultural do rei D. João V

“Está a menina sentada ao cravo, tão novinha, ainda não fez nove anos, e já grandes responsabilidades lhe pesam sobre a redonda cabeça (…)”

  •   Scarlatti tem conhecimento do projecto da passarola:
 Disseram-me, padre Bartolomeu que por obra dessas mãos se levantou ao ar um engenho e voou (…)” 

  •  Durante a conversa com o padre, confuso Scarlatti afirma:
                        “(…) só a música é aérea (…)”

- O músico visita a quinta onde está a ser construída a passarola;
- A passarola precisa de algo especial para fazer a máquina voar e com espanto Scarlatti ouve da boca do Padre que a música também pode ajudar a passarola a voar; 
- Scarlatti promete levar um cravo para a Quinta, sendo que o padre, Blimunda e Baltasar não põem qualquer objeção.



Capítulo XV- A música na doença de Blimunda
  •  O Cravo é caracterizado como um instrumento frágil; 
  •  Ignorância de Blimunda e Baltazar perante a escuta da música que ouvem de Scarlatti: 
“(…) tanto pareciam brinquedo infantil como colérica objurgação, tanto parecia divertirem-se anjos como zangar-se Deus.” 

  • A música é a arte de exprimir sentimentos ou impressões por meio de sons, faz parte das coisas impalpáveis, que nos tocam intimamente e que não podemos objectivar. 

“Scarlatti encadeava serenamente a música, como se rodeasse o grande silêncio do espaço onde desejaria voar um dia (…)”  - o céu (local onde a passarola ia voar).

- A música de Scarlatti é agradável para Blimunda e Baltasar que trabalham na construção da máquina, funciona como uma companhia.

Blimunda fica doente ao recolher as vontades:
É visitada por Scarlatti que depois da primeira visita começa a tocar para ela. 
  • A música funciona como “musicoterapia”, transmite a Blimunda serenidade, equilíbrio, paz interior - Ideia de harmonia.
“ (…) Não esperaria Blimunda, que ouvindo a música o peito se lhe dilatasse tanto, um suspiro assim, como de quem morre ou de quem nasce (…)” 

- Uma vez que a música trazia melhoras a Blimunda, Scarlatti  tocava 2/3 horas por dia até Blimunda ter forças para se levantar. 
- Foram as músicas calmas/brandas de Scarlatti que curaram Blimunda. 


Capítulo XVI- A música na construção da passarola 
  •  Importância da música: sem música as pessoas sentem-se sós e o ambiente que as envolve torna-se triste e desinteressante. 
  •  Na hora da partida não levam o cravo de Scarlatti na passarola. A máquina voa e lá de cima olham para a Quinta, vendo que o Cravo desapareceu. 
“(…) indo Scarlatti à Quinta, viu, já chegando perto, levantar-se de repente a máquina, num grande sopro de asas (…) só fica uma pungente melancolia, esta que fez Scarlatti sentar-se ao cravo e tocar um pouco e depois, porque muito bem sabe ser perigoso deixar ali o cravo, arrasta-o para fora (…) e levando-o até ao bocal do poço, precipita-o (…)”. 


Com a destruição do cravo revela-se o medo de Scarlatti da Inquisição










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