10ºAno / 11º Ano / 12º Ano





CRÓNICA 

  • A crónica é um texto de carácter reflexivo e interpretativo, que parte de um assunto do quotidiano, um acontecimento banal, sem significado relevante.

    É um texto subjetivo, pois apresenta a perspetiva do seu autor, o tom do discurso varia entre o ligeiro e o polémico, podendo ser irónico ou humorístico.

    É um texto breve e surge sempre assinado numa página fixa do jornal.


    CARACTERÍSTICAS DA CRÓNICA
    O discurso

    Texto curto e inteligível (de imediata perceção);
    Apresenta marcas de subjetividade – discurso na 1ª e 3ª pessoa;
    Pode comportar diversos modos de expressão, isoladamente ou em simultâneo:
    - narração;
    - descrição;
    - contemplação / efusão lírica;
    - comentários;
    - reflexão.

    Linguagem com duplos sentidos / jogos de palavras / conotações;
    Utiliza a ironia;
    Registo de língua corrente ou cuidado;
    Discurso que vai do oralizante ao literário;
    Predominância da função emotiva da linguagem sobre a informativa;
    Vocabulário variado e expressivo de acordo com a intenção do autor;
    Pontuação expressiva;
    Emprego de recursos estilísticos.

    A temática

    Aborda aspetos da vida social e quotidiana;
    Transmite os contrastes do mundo em que vivemos;
    Apresenta episódios reais ou fictícios.

    (A crónica pode ser política, desportiva, literária, humorística, económica, mundana, etc.)













Texto argumentativo


Quando usamos a argumentação?

- quando queremos defender um ponto de vista- quando apresentamos a nossa opinião~

- quando propomos uma solução

- quando queremos convencer os outros a aceder a um pedido nosso.
O que é argumentar? É persuadir racionalmente.
Quando temos que construir um texto argumentativo?
A dissertação, o comentário, a exposição escrita, mas também um simples artigo de opinião ou uma crítica de cinema ou de música exigem a elaboração de um texto argumentativo bem estruturado, segundo um esquema lógico.
Como se constrói um texto argumentativo?
1. Estrutura do texto/Progressão temática

Introdução:
Parágrafo inicial no qual se apresenta a proposição (tese, opinião, declaração). Deve ser apresentada de modo afirmativo, claro e bem definido, sem referir quaisquer razões ou provas.
Desenvolvimento:
Análise/explicitação da proposição apresentada; apresentação dos argumentos que provam a verdade da proposição: factos, exemplos, citações, testemunhos, dados estatísticos.
Conclusão:
Parágrafo final, no qual se conclui com uma síntese da demonstração feita no desenvolvimento.
2. Escolha e ordenação dos argumentos
 Deve-se: encontrar argumentos adequados; recorrer, sempre que possível e desejável, à exemplificação, à citação, à analogia, às relações causa-efeito; organizar os argumentos por ordem crescente de importância.
3. Adequação do texto ao objetivo e ao destinatário (informar, convencer, emocionar)
 Deves: usar um registo adequado à situação e ao destinatário; utilizar referências de conteúdo que o destinatário possui, de forma a que este o possa interpretar corretamente.
4. Articulação e progressão do discurso:
Deves: estabelecer uma rede de relações lógicas entre as palavras, as frases, os períodos eos parágrafos;
•construir um raciocínio que se vai desenvolvendo através de:
•correta estruturação e ordenação das frases;
•uso correto dos conectores do discurso;
•respeito pelas regras de concordância;
•uso adequado dos pronomes que evitam as repetições do nome;
•utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinónimos, antónimos, hiperónimos e hipónimos.



Para perceberes melhor o contexto em que foi escrito o "Sermão de Santo António aos peixes" de Padre António Vieira, vê este excerto do filme "A Missão" que retrata o contacto de jesuítas espanhóis com índios Guaranis na região das Cataratas do Iguaçu, território que pertencia a Espanha pelo Tratado de Tordesilhas.









Observa agora este vídeo sobre o "Sermão de Santo António aos peixes" de Padre António Vieira, da  série "Grandes Livros" exibida pela Rádio Televisão Portuguesa (RTP2) em 2009.



 "Grandes Livros" foi um projeto de divulgação da literatura portuguesa, promovido pela Radio Televisão Portuguesa (RPT2), que envolveu uma série de 12 documentários, com 50 minutos cada, narrados por Diogo Infante, ator e diretor do Teatro Nacional D. Maria II. Visou contribuir para a promoção da leitura das grandes obras da literatura portuguesa junto de todas as faixas etárias de falantes do idioma português. Cada episódio contou com a participação dos principais especialistas na obra e/ou no autor em análise. 






 CARACTERÍSTICAS DO "SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES"

1. Introdução
O Pe António Vieira é considerado o maior orador sacro português e domina todo o século XVII pela sua personalidade vigorosa que capta a atenção dos ouvintes.

Destaca-se, ainda, pela coragem evidenciada na luta, através das palavras, contra a exploração dos povos oprimidos e pelo patriotismo evidenciado na luta pela manutenção da independência nacional, numa época instável como foi a da Restauração.
É marcante, também, o seu anti convencionalismo e ousadia ao combater a organização social e religiosa mais poderosa de Portugal – O Tribunal do Santo Ofício – cujas práticas anticristãs denuncia, independentemente dos perigos a que se expôs e do sofrimento que tais atitudes lhe causaram.

2. Razão do título do sermão de Sto António aos Peixes:
O sermão inspira-se na lenda medieval segundo a qual Santo António, numa das pregações destinadas a emendar o comportamento dos homens, decide falar aos peixes ao constatar que os homens não lhe prestam atenção. Compreensivos e atentos, os peixes levantam as cabeças à superfície das águas, comprovando a força da palavra do santo.

António Vieira imitá-lo-á visto que também não é ouvido pelos colonos do Maranhão que exploram os ameríndios e os escravos negros; à semelhança do santo que tanto venera, falará aos “peixes” – alegoria dos colonos. Deste modo pode criticá-los sem temer represálias.

3. Contexto em que foi pregado este sermão e objetivo do mesmo:

Foi pregado na cidade brasileira de São Luís do Maranhão, em 13 de Junho de 1654, «três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino, a procurar o remédio da salvação dos Índios (…) E nele tocou todos os pontos de doutrina (posto que perseguida) que mais necessários eram ao bem espiritual e temporal daquela terra, como facilmente se pode entender das mesmas alegorias.»
3.1 Funções do sermão: O sermão tem uma missão social (salvar os ameríndios da cobiça e exploração, isto é, salvá-los da antropofagia que era a prática comum entre os homens na sociedade), e é também um instrumento de intervenção na vida política do país; tem também uma missão espiritual: divulgar a palavra de Cristo, o Evangelho e histórias de santos como exemplos de condutas a imitar.

4. Intencionalidade comunicativa do pregador:
O sermão é um texto que pretende:
a) ensinar através do recurso a citações bíblicas, dados da História natural, exemplos da sabedoria popular. Tem, portanto, uma função informativa (informa sobre diversos saberes)

b) agradar aos ouvintes através do recurso a frases exclamativas, interrogações retóricas, gradações, apóstrofes, alegorias. Tem uma função emotiva (desperta emoções nos ouvintes)
c) Persuadir os ouvintes através da argumentação por meio do confronto com a Bíblia, emprego do modo imperativo, do vocativo e interrogações retóricas. Tem uma função apelativa(interpela os ouvintes, obrigando-os a refletir no que é dito)
d) intervir na sociedade portuguesa da sua época.







FREI LUÍS DE SOUSA
de
Almeida Garrett
             Em Memória do Conservatório Real, texto com que apresenta e explica o significado da sua obra, Garrett afirma que Frei Luís de Sousa, pertencendo segundo ele ao género trágico à maneira grega, no que diz respeito ao conteúdo, é um drama à maneira romântica no que diz respeito à forma.
             " Esta é uma verdadeira tragédia (...) Se na forma desmerece da categoria (...) ficará sempre pertencendo, pela índole, ao antigo género trágico."

Características trágicas
  • Subordinação à fatalidade (ananke)
  • Protagonista é um homem justo, que, sem culpa, cai da suprema felicidade, para a suprema desdita (katastrophe)
  •  Estrutura - prólogo; 3 actos, epílogo
  • Crescendo trágico (pathos) até ao clímax
  • 3 protagonistas trágicos, acompanhados por três secundários
  • coro
  • lei das três unidades ( um espaço, só um problema central, unidade de tempo)


 Características românticas
  • valorização do homem como joguete, não do destino, mas das suas paixões
  • aproximação da realidade
  • linguagem em prosa


 O hibridismo de Frei Luís de Sousa
 Um aspecto muito importante da teoria romântica dos géneros diz respeito à defesa do hibridismo dos géneros. O prefácio de Cromwell, de Victor Hugo é o texto mais famoso a esse respeito. Nele é condenada a pureza dos géneros literários em nome da própria vida, de que a arte deve ser expressão: a vida é uma amálgama de belo e de feio, de riso e de dor, de sublime e de grotesco, uma estética que isole e apreenda somente um destes aspectos fragmenta necessariamente a totalidade da vida e trai a realidade. A comédia e a tragédia, como géneros rigorosamente distintos, revelam-se incapazes de traduzir a diversidade e as antinomias da vida e do homem, motivo porque Victor Hugo advoga uma nova forma teatral: o drama, apta a exprimir as feições polimorfas da realidade. O drama participa dos caracteres da tragédia e da comédia, da ode e da epopeia, pintando o homem nas grandezas e nas misérias da sua humanidade.

 Características de Frei Luís de Sousa que o aproximam da Tragédia clássica
  •  Manuel de Sousa Coutinho é um homem justo, que desafia a cidade (hybris) e é condenado pelo destino (ananke) ao suicídio.
  •  As primeiras duas cenas correspondem a um prólogo - são apresentadas as personagens e os antecedentes do conflito; há um crescendo trágico - pathos - e no final do 2º acto dá-se a agnórise - momento de clímax; na última cena do 3º acto está a catástrofe - corresponde ao epílogo
  •  3 personagens principais - ou uma (a família)
  •  Telmo Pais tem a função de Coro, anunciando a catástrofe, mas sem mudar o curso da acção
  •   As três unidades:   
  • Tempo: oito dias (em elipse)
  •  Espaço: palácios de Manuel e D. João, tudo em Almada
  • Ação: só um problema central: a possibilidade do regresso de D. João
Características de Frei Luís de Sousa que o aproximam Drama romântico
  • situado num tempo histórico - assunto de carácter nacional e histórico, Portugal sob o domínio de Castela
  • preocupação com a verdade, com os acontecimentos do quotidiano
  • origem num acontecimento verídico
  • prosa e linguagem muitas vezes familiar


Sobre Frei Luís de Sousa
Frei Luís de Sousa nome religioso de Manuel de Sousa Coutinho, nasceu em Santarém cerca de 1556 e faleceu em São Domingos de Benfica, Lisboa, em 1632. Era um fidalgo cavaleiro da Ordem Militar de Malta. Esteve preso em Argel, vindo a conhecer na prisão Miguel de Cervantes. Libertado em 1577, regressa a Portugal, prestando serviços ao rei Filipe II de Espanha e vivendo dois anos em Valência. Regressa a Portugal e casa-se com D. Madalena de Vilhena, após o desaparecimento de D. João de Portugal, seu marido, na batalha de Alcácer Quibir. Assume vários cargos, como o de capitão-mor de Almada e o de guardador-mor da Saúde. Após a morte de sua filha, D. Ana de Noronha, separa-se da esposa e professa na Ordem de São Domingos, dedicando-se inteiramente à escrita.
Almeida Garrett dedicou-lhe o drama Frei Luís de Sousa(1844).



Frei Luís de Sousa (1950)
  • De: António Lopes Ribeiro, Maria Sampaio, João Villaret
  • Adaptação para cinema da mais famosa peça de teatro do romantismo português. 





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